A participação das mulheres na agricultura ainda é muito inferior que a dos homens. Compreenda quais são os desafios enfrentados.

As mulheres sofrem discriminações de gênero em praticamente todos os âmbitos de suas vidas, incluindo o profissional. Não é diferente com as mulheres na agricultura.

Segundo dados publicados pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) no ano de 2011, pouco mais de 5% dos empregos permanentes na agropecuária são ocupados por mulheres.

Ainda, mais de 30% delas trabalham sem qualquer remuneração. Entre as que recebem salário, 80% não ultrapassa de um salário mínimo.

Tamanhas são as consequências do machismo na sociedade, muito presente também nas mulheres na agricultura, que, no ano de 2012, a Organização das Nações Unidas (ONU) se sensibilizou.

Dessa forma, o tema oficial adotado pela entidade para o Dia Internacional da Mulher, homenageado em 8 de março, foi “Empoderar as mulheres rurais para acabar com a fome e a pobreza”.

A ONU, na publicação “O Estado Mundial da Agricultura e da Alimentação”, de 2011, reconheceu que, caso as mulheres dispusessem de condições iguais as disponibilizados aos homens, a produtividade de suas lavouras elevaria até 30%.

Outras estatísticas apontaram que, com igualdade de recursos entre os gêneros, a produção agrícola poderia aumentar até 4% em alguns países, diminuindo em até 17% a fome mundial.

Entretanto, apesar das diversas dificuldades sofridas, os números encontrados pelo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no ano de 2017, indicam aumento de mais de 6% nas mulheres na chefia de propriedades agrícolas.

Quais são os desafios enfrentados pelas mulheres na agricultura?

A gestão da lavoura é difícil como qualquer outra atividade econômica, mas conta com mais uma agravante: o clima, que não pode ser controlado.

Para as mulheres na agricultura, os desafios são ainda maiores. Veja abaixo os principais.

Conciliar a lavoura com as atividades domésticas

Infelizmente, apesar de já existirem avanços depois de muita luta feminina, as tarefas domésticas continuam sendo majoritariamente cumpridas pelas mulheres.

Assim, além da rotina cansativa na roça, que se inicia logo no amanhecer, a mulher retorna para casa e precisa realizar todos os afazeres, como a comida, a limpeza e o cuidado com os filhos, muitas vezes até a educação é por conta delas.

O período de descanso é curto, principalmente nos meses em que há colheita das produções.

Dificuldade em ter acesso a créditos

Diferentemente dos homens, as mulheres na agricultura não conseguem facilmente créditos para suas lavouras.

Os dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) indicam que apenas 10% das mulheres conseguem acesso a créditos.

Restrições no acesso a assistência técnica

Além do dinheiro, que por si só já é um fator determinante, as mulheres na agricultura sofrem restrições de acesso a própria terra.

Em conjunto, toda a assistência técnica para o plantio também é dificultada, como também os insumos agrícolas, sementes, ferramentas, água, tecnologias, culturas rentáveis, cooperativas rurais e mercados de produção.

O levantamento é de que apenas 5% conseguem acesso a todo suporte necessário para o cultivo.

Discriminação

As mulheres na agricultura não são reconhecidas como líderes e são enxergadas apenas como se estivessem prestando auxílio aos homens, sem capacidade física e intelectual exigidas pelo trabalho e sua gestão.


Pode-se concluir, então, que vários são os desafios enfrentados pelas mulheres na agricultura, embora com determinação e auxílio de políticas públicas elas estejam conseguindo aos poucos amenizar este quadro de desigualdades.