Confira o que pode acontecer com o fim da produção nacional da Ford e quais os possíveis impactos na economia

 

No último dia 11 de janeiro, foi anunciado o fim da produção nacional da Ford. De acordo com a liderança da marca, essa foi uma ação estratégica em busca de um possível aumento em suas margens operacionais globais. 

 

Depois de mais de um século de operações em território brasileiro, a Ford começou a informar sindicatos e outros órgãos sobre sua partida e as demissões decorrentes dessa decisão.

 

O próprio Ministério da Economia revela que essa surpresa foi um grande golpe para o setor automotivo brasileiro e que a saída da Ford reforça a necessidade de reformas para melhorar o clima de negócios.

 

Veja algumas das consequências dessa decisão no território brasileiro.

 

O QUE MUDA NO FUTURO?

As fábricas da Ford em Taubaté e Camaçari praticamente cessaram suas atividades imediatamente após a notícia da saída. Durante os próximos meses apenas algumas peças serão produzidas para atender a demanda de peças de reposição.

 

Já a planta da Troller, localizada em Belo Horizonte, manterá suas operações até o quarto trimestre de 2021.

 

De acordo com funcionários da Ford, essa ação já fazia parte de um plano de reestruturação global anteriormente previsto pela montadora norte-americana. A intenção é aumentar as margens operacionais da empresa.

 

Jim Farley, atual presidente-executivo da Ford, disse o seguinte: “Sabemos que essas ações são muito difíceis, mas necessárias para criar um negócio saudável e sustentável (...) Estamos mudando para um modelo de negócios enxuto e com poucos ativos, encerrando a produção no Brasil.”

 

Infelizmente, a notícia trouxe diversas repercussões negativas para a economia brasileira.

DESEMPREGO EM CADEIA

O impacto do fim da produção nacional da Ford não se limita aos funcionários, trazendo reflexos para toda a cadeia produtiva da região. 

 

De acordo com o DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) cerca de 118.864 postos de trabalho podem fechar, sejam diretos, indiretos e induzidos.

 

Basta pensar no seguinte: quando você desinstala uma empresa numa velocidade dessas, você afeta o dono do restaurante da esquina que servia almoço para o pessoal. 

 

Essas pessoas que saem já não vão ter dinheiro para pagar a escola de seus filhos e isso começa a complicar a renda deles e limitar outros serviços que consomem. Então, você tem todo um efeito desagregador em um dos momentos mais dramáticos que a economia brasileira vive.

UMA NOTÍCIA INESPERADA

A notícia da saída pegou a todos de surpresa. De acordo com o sindicalista Júlio Bonfim, não havia nenhum indício de que a montadora fosse fechar suas fábricas no território brasileiro.

 

O fim da produção nacional da Ford é a última etapa de um esforço de reestruturação lançado em 2018, por meio do qual está tentando alcançar uma margem de 8% sobre o lucro antes de juros e impostos.

 

Agora, cabe ao governo federal buscar soluções para redução do impacto econômico e social causado por essa decisão.